Seqüelado


Vamos às novidades. Providenciei várias mudanças na empresa. Isso provocou e provoca muito stress e novamente mágoas. Ainda me emociono além do normal com algumas coisas. Há quatro meses, assisti a um show de Nei Lisboa e chorei do início ao fim. Uma coisa ridícula, sem dúvida. Em várias situações mergulhei em depressão. Sinto falta das ingenuidades e ignorâncias de antes da doença. Desejo o cigarro toda vez que me encontro com o alcool. Pela formação cristã, emergem sentimentos de culpa. Uma viadagem só.

Aliás, mágoa e culpa são certamente os sentimentos mais pobres em termos de classificação e os mais ricos em quantidade. As pessoas não são mais as mesmas. Me tornei um desconfiado infeliz. Se durante o tratamento relutei quanto a terapia, agora começo a pensar que alguma ajuda seja necessária. De certo mesmo só o óbvio: os efeitos psicológicos de tudo o que passei ainda não estão totalmente claros. É preciso mais tempo para saber no que me transformei: se na mesma coisa ou numa coisa nova.

Sobre os efeitos físicos, por sinal, vale um registro. Continua a falta de saliva. Mas já consigo sair na rua sem precisar levar a minha garrafinha, o que já facilita muito a vida. Do ouvido ainda vaza alguma secreção fétida e, por isso, ainda tenho que tomar vários cuidados para o banho: algodão no ouvido, vaselina sólida em volta. Alguém sabe de uma solução melhor e menos chatinha de limpar?

A novidade é uma dor na região lombar. Já tem três ou quatro meses que tomo anti-inflamatórios. Procurei um traumatologista super recomendado. Fiz raio X e densitometria óssea. Nada! Por sugestão, adotei palmilhas especiais e sob medida. Há três semanas faço reforço muscular e alongamento. Ontem, fiz uma cintilografia óssea. O resultado fica pronto amanhã. Perdi 18 kg no tratamento, o sedentarismo foi clássico. Muito tempo deitado e sentado. Tem lógica, não?